sexta-feira, 24 de julho de 2015

A santa inquisição

               


                                             A história de um massacre

                                           Caça às bruxas- O reinado do medo






                                        Não permitirás que viva uma feiticeira”

                                                   Êxodo- Cap. XXII Versículo- XVIII

                                                                


          Marcada por ser a idade das trevas e pela supremacia da Igreja Católica Romana, a idade média entre muitas outras coisas foi a idade da “regressão”, na qual enfraqueceu-se o comércio, dizimou-se  culturas, proibiu-se a livre expressão e criou-se um tribunal , denominado o “tribunal do Santo Oficio” , mais conhecido como a “Santa Inquisição.”
        Imposta oficialmente pelo papa Gregório IX, no século XII, seu principal objetivo era a punição de qualquer  pessoa acusada de ter cometido heresias ou  seguir alguma crença que não condizia com a ortodoxia católica.
“Idealmente, o que a inquisição deseja é salvar o herege [...] até o último momento[...] espera-se do herege que confesse seu erro, que se reconheça em erro. Não deixará de morrer, mas ganhará a salvação”
      (Autor desconhecido )



 Herege é o termo utilizado para denominar pessoas contrárias aos dogmas impostos pelo catolicismo ou seguisse outra crenças, na sua maioria pagãos.
Pagão por sua vez designava-se a pessoas que seguiam crenças não cristãs.
Inicialmente  os inquisidores (pessoas selecionadas para inquerir e  investigar judicialmente ) tinham como objetivo investigar casos de heresia, caso fosse comprovado , a pessoa seria punida, com a retirada de seus bens, e a excumungação ( Punição severa numa idade de fé/ politeísmo ), porém com o passar dos anos o que deveria ser uma tentativa de “salvar” almas de heresias , passou  a ser um “massacre em nome de Deus”, matando aproximadamente 20 milhões de pessoas ao longo de quase mil anos, espalhando-se ao mundo e deixando até hoje marcas culturais .

“A Inquisição é tema que não morre. Nos ataques dirigidos à Igreja Católica, ela aparece sempre, qual perpétuo ritornello a girar com as mesmas frases, as mesmas imagens, as mesmas críticas.[...] Nascida oficialmente no começo do século XIII e durando até o século XIX, a Inquisição dedicou-se, dizem eles, a semear o terror e a embrutecer os espíritos. Adotando como método de trabalho, a pedagogia do medo, reinou, de modo implacável, para impor aos povos uma ordem, a sua ordem, que não admitia divergên- cias, nem sequer hesitações. Ao mesmo tempo, pretende-se que o que havia por detrás dela, nos bastidores, era um clero depravado, ignorante e corrupto, em busca apenas do poder político e da ri- queza material. Inútil tentar alguém escapar-lhe. Dotado de natureza tentacular, o Santo Ofício via tudo, se infiltrava por toda parte, até no recesso dos lares, onde as paredes tinham ouvidos. Obrigava os fiéis a se tornarem espiões e' delatores, dessa maneira montando densa rede de informantes ocultos. Graças a isso, manteve perfeito controle social, exigiu modelos de comportamentos, impediu o livre debate e o livre arbítrio, sufocou dissidências, exerceu a censura e assim eis a absurda conclusão que nos impingem — a Igreja teria conseguido entravar por longo tempo o desenvolvimento cultural da humanidade. As censuras, oferecidas com requintes de exagero, são de duas ordens: policiamento ideológico e crueidade. Servindo-se da Inquisição, a   Igreja submeteu os povos sob seu domínio a verdadeira camisa de força, devassou o íntimo das pessoas e transformou em crime, passível de fogueira, o simples ato de pensar em desacordo com ela. [...]
Para que alguém fosse preso, bastava mera denúncia secreta. A partir daí, o acusado se via submetido a alucinante processo, feito sob a égide do segredo e da dor: desconhecia a identidade de quem o delatara e das testemunhas que contra ele depunham; escondiam-lhe as provas colhidas; ignorava o conteúdo das acusações, mas, sem embargo, exigiam-lhe se confessasse culpado e admitisse que, no recôndito da sua alma, era um herege. Negavam-lhe a assistência de um advogado, o réu devia permanecer totalmente sozinho, à mercê dos algozes. Para extorquir-lhe o reconhecimento do seu crime (o crime de ter pensamentos próprios!), submetiam-no afinal à tortura. Tudo isso se passava à sombra, nos porões das masmorras inquisitoriais. O pobre infeliz que fosse apanhado ingressava em escuro labirinto, onde desaparecia para dele nunca mais se ter notícia; ou, quando acaso ressurgia à luz do sol, muito tempo depois, era para ser conduzido à fogueira, na praça pública, em meio a festivo auto-de-fé. Todos os bens que ele e sua família possuíam eram confiscados. O historiador francês Jean-Pierre Dedieu declara que, "ao ler a descrição de certos casos, chorou de emoção diante da grandeza de um mártir, ou de raiva ao ver o que se fazia em nome de Cristo" [...]



(GONZAGA, João Bernardino Garcia. A Inquisição em seu mundo .4. ed. São Paulo : Saraiva, 1993.



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