A história de um massacre
Caça às bruxas- O reinado do medo
“Não permitirás que viva uma feiticeira”
Êxodo- Cap. XXII Versículo- XVIII
Marcada por ser a idade das trevas e
pela supremacia da Igreja Católica Romana, a idade média entre muitas outras
coisas foi a idade da “regressão”, na qual enfraqueceu-se o comércio,
dizimou-se culturas, proibiu-se a livre
expressão e criou-se um tribunal , denominado o “tribunal do Santo Oficio” ,
mais conhecido como a “Santa Inquisição.”
Imposta oficialmente pelo papa Gregório
IX, no século XII, seu principal objetivo era a punição de qualquer pessoa acusada de ter cometido heresias
ou seguir alguma crença que não condizia
com a ortodoxia católica.
“Idealmente, o que a inquisição
deseja é salvar o herege [...] até o último momento[...] espera-se do herege
que confesse seu erro, que se reconheça em erro. Não deixará de morrer, mas
ganhará a salvação”
(Autor desconhecido )
Herege é o termo utilizado para denominar
pessoas contrárias aos dogmas impostos pelo catolicismo ou seguisse outra
crenças, na sua maioria pagãos.
Pagão por sua vez designava-se a
pessoas que seguiam crenças não cristãs.
Inicialmente os inquisidores (pessoas selecionadas para
inquerir e investigar judicialmente )
tinham como objetivo investigar casos de heresia, caso fosse comprovado , a
pessoa seria punida, com a retirada de seus bens, e a excumungação ( Punição
severa numa idade de fé/ politeísmo ), porém com o passar dos anos o que
deveria ser uma tentativa de “salvar” almas de heresias , passou a ser um “massacre em nome de Deus”, matando
aproximadamente 20 milhões de pessoas ao longo de quase mil anos, espalhando-se
ao mundo e deixando até hoje marcas culturais .
“A Inquisição é tema que não morre. Nos ataques dirigidos à
Igreja Católica, ela aparece sempre, qual perpétuo ritornello a girar com as
mesmas frases, as mesmas imagens, as mesmas críticas.[...] Nascida oficialmente
no começo do século XIII e durando até o século XIX, a Inquisição dedicou-se,
dizem eles, a semear o terror e a embrutecer os espíritos. Adotando como método
de trabalho, a pedagogia do medo, reinou, de modo implacável, para impor aos
povos uma ordem, a sua ordem, que não admitia divergên- cias, nem sequer
hesitações. Ao mesmo tempo, pretende-se que o que havia por detrás dela, nos
bastidores, era um clero depravado, ignorante e corrupto, em busca apenas do
poder político e da ri- queza material. Inútil tentar alguém escapar-lhe.
Dotado de natureza tentacular, o Santo Ofício via tudo, se infiltrava por toda
parte, até no recesso dos lares, onde as paredes tinham ouvidos. Obrigava os
fiéis a se tornarem espiões e' delatores, dessa maneira montando densa rede de
informantes ocultos. Graças a isso, manteve perfeito controle social, exigiu
modelos de comportamentos, impediu o livre debate e o livre arbítrio, sufocou
dissidências, exerceu a censura e assim eis a absurda conclusão que nos
impingem — a Igreja teria conseguido entravar por longo tempo o desenvolvimento
cultural da humanidade. As censuras, oferecidas com requintes de exagero, são
de duas ordens: policiamento ideológico e crueidade. Servindo-se da Inquisição,
a Igreja submeteu os povos sob seu domínio a verdadeira camisa
de força, devassou o íntimo das pessoas e transformou em crime, passível de
fogueira, o simples ato de pensar em desacordo com ela. [...]
Para que alguém fosse preso, bastava mera denúncia secreta.
A partir daí, o acusado se via submetido a alucinante processo, feito sob a
égide do segredo e da dor: desconhecia a identidade de quem o delatara e das
testemunhas que contra ele depunham; escondiam-lhe as provas colhidas; ignorava
o conteúdo das acusações, mas, sem embargo, exigiam-lhe se confessasse culpado
e admitisse que, no recôndito da sua alma, era um herege. Negavam-lhe a
assistência de um advogado, o réu devia permanecer totalmente sozinho, à mercê
dos algozes. Para extorquir-lhe o reconhecimento do seu crime (o crime de ter
pensamentos próprios!), submetiam-no afinal à tortura. Tudo isso se passava à
sombra, nos porões das masmorras inquisitoriais. O pobre infeliz que fosse
apanhado ingressava em escuro labirinto, onde desaparecia para dele nunca mais
se ter notícia; ou, quando acaso ressurgia à luz do sol, muito tempo depois,
era para ser conduzido à fogueira, na praça pública, em meio a festivo
auto-de-fé. Todos os bens que ele e sua família possuíam eram confiscados. O
historiador francês Jean-Pierre Dedieu declara que, "ao ler a descrição de
certos casos, chorou de emoção diante da grandeza de um mártir, ou de raiva ao
ver o que se fazia em nome de Cristo" [...]
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